O vídeo Job no Candomblé levanta um tema delicado: a presença de profissionais do sexo em comunidades religiosas afro-brasileiras, especialmente no Candomblé. Em tempos de redes sociais inflamadas, é fácil cair na armadilha de opinar sem refletir. O que se vê, muitas vezes, é a repetição de preconceitos enraizados, condenações públicas e exclusões silenciosas — muitas delas travestidas de tradição.
Mas a espiritualidade não é feita de exclusão. É feita de caminhos. De escolhas conscientes. De acolhimento e de escuta. Este artigo busca te mostrar como aprofundar o tema com respeito, responsabilidade e fundamento, te convidando para assistir ao vídeo para entender melhor.
Acesso Rápido
O que significa ser do “Job”?
Profissionais do sexo — conhecidos nas redes como “pessoas do job” — sempre existiram, são parte da história da humanidade e estão presentes em diferentes culturas e religiões. No Candomblé, não há interdito que proíba a participação dessas pessoas, e sim uma tradição de acolhimento espiritual.
No território Yorubá, termos como Àgbèrè, Aṣẹwo e Ọmọ ita definem nuances dessa prática com diferentes significados: da mulher que trabalha com o corpo, à criança da rua que sobrevive com o que tem. Esses termos revelam que o tema não é novo — e sim ancestral.
Profissionais do Job no Candomblé: Espiritualidade não combina com hipocrisia
No Candomblé, ninguém é acolhido pelo que faz — mas sim por quem é. A tradição ensina que cada pessoa carrega um destino, uma carga, uma história. Quando alguém do “job” procura um Ilê Axé, traz consigo não apenas seu corpo, mas sua alma ferida, sua busca por cura e conexão.
Exclusão, preconceito ou julgamento não cabem dentro do barracão. Mas isso exige maturidade e preparo dos sacerdotes e das comunidades.
Riscos reais: espirituais, sociais e físicos
Apesar da abertura espiritual, o vídeo alerta para os riscos elevados aos quais essas pessoas estão expostas, tanto biológicos quanto espirituais:
- DSTs e ISTs, com destaque para o crescimento de casos como sífilis e gonorreia;
- Ambientes carregados espiritualmente, como motéis e hotéis, que acumulam energias sem purificação;
- Depressão, abandono, vícios e violência, que muitas vezes marcam a vida dessas pessoas, exigindo um cuidado que vai além do ritual.
A troca sexual não é só física — é energética. E essa carga espiritual exige preparo para ser neutralizada.
Tabus difíceis: gravidez e abandono
O vídeo também toca em dois tabus profundos do Candomblé: a interrupção voluntária da gravidez e o abandono parental. São temas que exigem delicadeza, profundidade e sabedoria ancestral.
A tradição valoriza a maternidade como força central da vida, mas também ensina que cada escolha traz consigo uma consequência espiritual. O ponto não é julgar — mas compreender.
E afinal, o que o Candomblé espera?
Dentro do barracão, não importa o que a pessoa faz fora dele — importa quem ela é ali dentro.
Ogãs, Ekedis, Abiãs, Yaôs… todos devem ser reconhecidos pelo seu compromisso com a espiritualidade, não pela sua profissão. Mas isso não exclui a necessidade de responsabilidade, ética e sabedoria por parte dos sacerdotes e da comunidade.
Não julgue. Acolha. Ensine.
A presença de pessoas do job dentro do Candomblé é um teste para a nossa espiritualidade prática. Não para saber quem é puro, mas para revelar quem é verdadeiramente espiritual.
Acho que essa frase resume bem o assunto: “A única coisa que eu espero é que as pessoas, dentro e fora do terreiro, tenham honra, caráter, sejam honestas e respeitem as tradições deixadas pela nossa ancestralidade.”
E isso, por si só, é o verdadeiro fundamento do axé.
Assista ao vídeo clicando aqui.
Não esqueça de avaliar o artigo e comentar o que você pensa sobre ele.