A luta pela conscientização racial é uma caminhada que exige sabedoria, estratégia e maturidade. Em 1977, Pelé, o maior ícone do futebol mundial, concedeu uma entrevista em que abordou o tema de maneira surpreendentemente atual: a importância de transformar o mundo através do respeito, da dignidade pessoal e da união.
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O Contexto da Fala: Pelé, 1977
Respondendo perguntas de telespectadores, em meio a expectativas de que defendesse ativamente a “raça negra”, Pelé respondeu com serenidade. Para ele, a mudança verdadeira viria não através do radicalismo, mas do exemplo. Seu reconhecimento mundial, conquistado sem abrir mão da identidade negra, era prova de que a dignidade individual podia abrir portas onde a hostilidade construiria muros.
“Eu não mudei a minha cor para estar lá. Eu estava como negro.” — declarou Pelé.
Dignidade, Respeito e Estratégia
Pelé propõe uma visão estratégica: agir com integridade, ganhar respeito genuíno e, assim, ajudar a mudar percepções. Sua fala não ignora o racismo existente, mas sugere que a resposta mais eficaz é a presença consciente e transformadora.
O exemplo que ele dava era poderoso: ser recebido pela ONU como “Cidadão Mundial” em uma época em que o preconceito ainda era brutalmente escancarado.
A Ilusão das Promessas Políticas
Durante décadas, o Povo Preto e o Povo de Santo depositaram esperanças em promessas políticas, especialmente de setores ideológicos que se apresentavam como aliados. Mas a história recente do Brasil mostra que, mesmo após longos períodos de governos destes setores no poder, a transformação real — aquela que traria protagonismo, respeito e reconhecimento efetivo — não se concretizou.
A ausência de resultados palpáveis é um convite à reflexão: vale a pena insistir em plantar em um solo que não dá frutos?
Cultivar o que dá Frutos
Pelé ensina, com sua trajetória, que é possível florescer mesmo em terrenos hostis. A estratégia é cultivar a excelência, a dignidade e o respeito, mostrando ao mundo, através da própria presença, que somos maiores do que as tentativas de marginalização.
Não se trata de submissão ou conformismo, mas de inteligência política: fortalecer-se, construir redes, ocupar espaços de forma consciente e respeitável, até que não se possa mais ignorar nossa existência.
O Perigo da Radicalização
A radicalização cega, muitas vezes, isola em vez de fortalecer. Ao assumir posturas extremadas, perde-se a capacidade de dialogar com quem ainda precisa ser convencido. Constrói-se um “nós contra eles” que apenas perpetua a divisão que tanto se deseja superar.
Pelé compreendia isso: é preciso ser ponte, não trincheira.
Amor que Não Vê Cor
Na entrevista, Pelé também fala do amor sem fronteiras raciais, usando seu casamento como exemplo. “A gente não escolhe quem amar.” Essa é talvez a mais poderosa mensagem: o amor, a empatia e o respeito são armas mais fortes do que qualquer discurso que tente nos minimizar ou apagar nossa cultura.
O Futuro Exige Presença Consciente
A verdadeira revolução é sermos reconhecidos pelo que somos: completos, dignos, plenos.
A fala de Pelé em 1977 não é um apelo à omissão, mas à estratégia madura: construir respeito através da presença, e não da exclusão; através da consciência, e não da militância cega.
FAQ – Perguntas Frequentes
O que é conscientização racial?
Conscientização racial é o reconhecimento da história, cultura e dignidade do povo preto, sem vitimização, buscando respeito e igualdade através do conhecimento e da presença ativa.
Radicalizar é a melhor solução contra o racismo?
Não necessariamente. O radicalismo pode isolar e alimentar divisões. A transformação duradoura vem da ação inteligente e da presença construtiva.
O que significa presença consciente?
Significa agir com consciência de quem somos, respeitando a história, mas também construindo pontes de futuro, sem se aprisionar em narrativas que nos limitam.
Quer refletir mais sobre presença, consciência e resistência?
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