Areia de Dubai no Candomblé? A Verdade por Trás Dessa Polêmica

Uma polêmica envolvendo a importação clandestina de areia de Dubai, como elemento de poder em práticas do Candomblé, viralizou nas redes sociais nos últimos dias. Mas será que isso faz mesmo sentido? A espiritualidade não pode ser transformada em espetáculo. Muito menos em produto de exportação e importação.

Neste vídeo, fazemos uma reflexão sobre o uso consciente de elementos naturais, o risco da banalização litúrgica em tempos de redes sociais e como a ancestralidade é desrespeitada quando símbolos sagrados são transformados em mercadoria. Não se trata de criticar pessoas — mas de entender os limites entre tradição e oportunismo.

Clique aqui para assistir o vídeo completo no Youtube


O que é essa tal de “areia de Dubai”?

Nos relatos que circularam, alguém teria viajado a Dubai, coletado areia do local e, ao retornar ao Brasil, passou a vendê-la como insumo espiritual, associando o local de origem (símbolo de riqueza) ao poder mágico do material. Essa narrativa foi suficiente para gerar cliques, engajamento e — claro — lucro.

Mas precisamos pensar além: o Candomblé não é movido por modismos geográficos. Não é a procedência exótica do elemento que importa, e sim o seu fundamento ritual, o axé que nele é colocado e o contexto litúrgico em que será utilizado.

Espiritualidade com responsabilidade

Importar areia de outro país já envolve questões sérias de legislação ambiental e sanitária. A entrada de elementos naturais sem controle pode representar risco à saúde pública e configurar crime ambiental, de acordo com a Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) e normas da ANVISA e da Receita Federal. A alfândega brasileira pode aplicar multas e até prender pessoas que infringirem essas regras.

Mas, para além da legalidade, o ponto mais sensível é espiritual: oferecer como produto um material como fundamento essencial e excepcional, apenas porque “veio de um lugar rico”, é esvaziar completamente o valor simbólico e ancestral do ritual.

Exemplo simples: a ferradura?

No vídeo do canal trago uma explicação um pouco mais aprofundada. Pense na ferradura usada em alguns assentamentos de Orixá. Se ela é virgem, ainda assim tem valor simbólico. Mas o que realmente importa é o que ela representa: foi usada por um cavalo carregando mensagens, caminhos, trabalho, ela carrega história — o que a torna ainda mais poderosa.

A areia funciona da mesma forma. Ela precisa de contexto, de uso adequado, de consagração. Não é sobre a marca, o local de origem ou o apelo comercial: é sobre simbologia, fundamento e ligação com o Orixá.

A armadilha do consumo litúrgico

Vivemos um momento em que o sagrado está sendo cooptado por estratégias de marketing digital. Influenciadores vendem kits prontos, oferendas industrializadas, objetos “potencializados” e “potencializadores” sem sequer explicar sua função ritual. E o público, muitas vezes carente de orientação, compra — acreditando que está se aproximando dos Orixás, quando na verdade só está alimentando um mercado.

É preciso discernimento. O uso de objetos ritualísticos deve partir de aprendizado, iniciação e orientação dos mais velhos. Não de impulsos consumistas alimentados por vídeos virais.

Se é tão poderoso, por que vender?

A pergunta final do vídeo é talvez a mais importante: se esse elemento é tão excepcional espiritualmente, por que está sendo vendido? Por que alguém abriria mão de algo tão poderoso em troca de dinheiro? Isso por si só já deveria ser um sinal de alerta.

O Candomblé é tradição, fundamento e responsabilidade. E o papel do Farol Ancestral é justamente esse: iluminar, orientar e preservar. Com consciência, sem espetáculo.

Assista o vídeo completo

Vídeo no YoutubeAreia de Dubai no Candomblé? A Verdade por Trás Dessa Polêmica


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